Em 23 de março de 1975, há mais de 240 anos, durante a Segunda Convenção da Virgínia, o bombeiro revolucionário Patrick Henry gritou em meio a uma reunião da Igreja Episcopal de São João, em Richmond: “Não sei que rumo os outros podem tomar, mas quanto a mim, dê-me liberdade ou dê-me a morte”.
Naquele momento, Henry propunha aos colegas líderes da Virgínia que a então colônia dos britânicos iniciasse uma revolução por sua independência.
A sua exigência era para que a Virgínia formasse companhias de cavalaria e milícias para lutar contra o controle do Império Britânico, um presságio para a revolução da independência americana.
O companheiro de Henry, general George Washington, ouviu o chamado de Henry para a formação de tropas para a guerra. Essa foi uma aliança simbólica e física das distantes colônias do norte e do sul por uma causa comum contra o sistema monárquico britânico.
Washington havia chegado à Nova Inglaterra em julho para liderar as milícias, que na época tinham conotações completamente diferentes da contemporânea.
Contudo, houve muitos problemas na preparação dessas tropas, como uma conduta indisciplinada e mau desempenho militar, conforme relatou Washington.
O general e futuro presidente dos Estados Unidos passou árduos dias treinando seus combatentes.
Washington se uniu a outros 120 patriotas americanos da Virgínia para assinar o que ficou conhecido como a “Declaração da Independência”. Dentre os assinantes estavam Thomas Jefferson, John Adam e Benjamin Franklin, que ficaram conhecidos posteriormente como os “Pais fundadores” dos Estados Unidos.
Eles se encontraram em Richmond em vez de Williamsburg, então capital da Virgínia, para não serem observados pelo governador John Murray, que estava a serviço do império britânico.
Na reunião, Henry implorou para os delegados reconhecerem que a presença do Exército e da Marinha da Grã-Bretanha era um ato de hostilidade, e não de reconciliação. Foi justamente quando proferiu seu impactante discurso: “Não sei que rumo os outros podem tomar, mas quanto a mim, dê-me liberdade ou dê-me a morte”.
Embora estivessem em grande desvantagem em relação ao poder britânico, 40 dos 55 delegados assinaram a declaração de independência.
Pouco menos de mês depois da reunião, em 19 de abril, diversas hostilidades entre americanos e britânicos armados eclodiram em Massachussets, dando início à revolução americana.
Os eventos ficaram conhecidos como as Batalhas de Lexington e Concord.
A exigência de liberdade de Henry a todo custo tornou-se um grito de guerra patriótico para o povo americano durante a Guerra da Independência, que viu os americanos se libertarem do domínio britânico em 1783.
Apesar de memorável, o discurso de Henry só foi amplamente divulgado anos depois na biografia “Life of Patrick Henry”, escrita pelo procurador-geral dos EUA William Wirt, em meados do século XIX.
Isso porque o poderoso discurso de Henry precisou ser reconstruído a partir de lembranças de homens como Thomas Jefferson, já que ele nunca havia sido transcrito e a coleta de informações por Wirt começou nove anos após a morte de Henry.
“As palavras de Henry não foram transcritas, mas ninguém que as ouviu esqueceu sua eloquência, ou as palavras finais de Henry”, disse o memorial Colonial Williamsburg em seu site. “Ele pode ser conhecido apenas por um discurso, mas esse discurso representa uma vida inteira de trabalho na busca da liberdade”, acrescenta o memorial.
Após a vitória na guerra, Henry serviu como o primeiro governador da Virgínia. Ele morreu por conta de um câncer de estômago em 6 de julho de 1799.