A Coreia do Norte está novamente obrigando seus cidadãos a coletar e usar seu próprio cocô para fazer esterco, enquanto o país enfrenta uma escassez generalizada de alimentos e fertilizantes importados da China.
Há muitos anos o regime norte-coreano obtém seu esterco agrícola da vizinha China, mas esse comércio, juntamente com o comércio de outros bens, cessou depois que Kim Jong-un fechou suas fronteiras no início da pandemia de 2020.
A diretriz sombria e nauseante ordena expressamente que cada cidadão deve entregar quase 10 quilos de cocô por mês. Essa política bizarra é geralmente utilizada no inverno, mas com a escassez dos fertilizantes chineses, criou-se a necessidade de um “esforço nacional” para fertilizar seus próprios alimentos durante o verão.
Os moradores começaram a reclamar que precisam secar suas fezes em seus jardins sob o calor do verão.
Um morador da província de Ryanggang disse à RFA em anonimato que “A unidade de vigilância do meu bairro emitiu uma ordem para secar os dejetos humanos antes de entregar”. “Os moradores não conseguiam esconder a perplexidade”, continuou o morador.
Contudo, há como “bular” essa asquerosa política. Mas, para isso, é necessário cerca de 5 mil wons, o equivalente a cerca de 20 reais, uma quantia fora da realidade da esmagadora maioria dos norte-coreanos.
A cota de cocô estabelecida pelo governo ainda cria um cenário distópico de competição e divisão do povo em busca da sobrevivência. Isso porque, caso o cidadão não cumpra a cota, receberá uma multa ou terá que pagar subornos. Dessa forma, os próprios cidadãos acabam brigando entre si e roubando fezes uns dos outros.
Relatórios de 2022 indicavam que havia bairros inteiros se mobilizando uns contra os outros para roubar as fezes.
“A atribuição de estrume também é colocada nas escolas. Mesmo estando em férias de inverno… os alunos devem chegar à escola e puxar carrinhos carregados de fezes humanas e terra… As pessoas estão reclamando que as autoridades não tiveram problemas para fechar as escolas devido ao medo da Covid-19, mas podem mobilizar os alunos para coletar esterco”, dizia um relatório de 2022.
O novo pedido do regime ocorre poucas semanas após a Coreia do Norte enviar mais de 1.500 balões com fezes com parasitas para a Coreia do Sul através da fronteira. Os balões transportavam os sacos com dejetos humanos e lixo amarrados em um barbante.
A ação foi uma “retaliação” pela Coreia do Sul ter enviado balões com alimentos, remédios, dinheiro e panfleto criticando o regime comunista.