Um registro divulgado nesta manhã, 27 de agosto, por familiares de crianças presas pelo regime do ditador Nicolás Maduro mostra a transferência das crianças para a prisão de segurança máxima de Tocuyito, em Carabobo, no norte da Venezuela, enquanto seus familiares choram desesperados do lado de fora.
Segundo uma investigação do jornal Washington Post e da Human Rights Watch, pelo menos 150 menores foram presos pelas forças do regime de Nicolás Maduro desde sua fraude eleitoral.
As crianças estão entre as mais de 1.600 pessoas que foram presas nos protestos ou sequestradas em suas casas, na maioria dos casos sem mandados. Todas as crianças, de acordo com advogados de direitos humanos, foram acusadas de terrorismo. Mais de 100 ainda estão sob custódia.
Todas foram mantidas em instalações juvenis sob estrito controle de estilo militar, dizem eles. Algumas foram forçadas a saudar um retrato de Maduro e cantar “Chávez vive” em homenagem a Hugo Chávez, o falecido ditador e fundador do Estado socialista da Venezuela.
Eles também disseram às famílias que foram submetidos a abuso físico. Se eles se comportassem mal, eles disseram, suas visitas e comida eram restritas.
“As forças de segurança estão detendo pessoas em uma taxa que não vimos na história recente da Venezuela, inclusive durante a repressão brutal em 2014 e 2017”, disse Juanita Goebertus, diretora da Human Rights Watch para as Américas.
“Esta não é apenas uma repressão aos manifestantes. É uma caça às bruxas completa contra qualquer um que se atreva a criticar o governo”, acrescentou. Os Estados Unidos, Canadá, União Europeia e diversos países da América Latina acusaram o ditador Maduro de fraude eleitoral.
Uma análise do Washington Post das atas das urnas eletrônicas coletadas por observadores de pesquisas da oposição indica que seu principal adversário, Edmundo González, recebeu mais do que o dobro de votos na eleição de 28 de julho.