Inicialmente, os manifestantes de extrema-esquerda protestavam contra a criação de megabacias, que são reservatórios de água destinadas à irrigação de lavouras durante o período de seca, na cidade portuária de La Rochelle.
Os manifestantes alegam que a capitação de água induzida pelo uso das bacias é um “absurdo”, pois a água é “escassa” e as fazendas que usam geralmente são focadas em exportação.
Contudo, os milhares dos militantes cercaram e bloquearam a entrada do porto comercial de La Rochelle (Charente-Maritime), forçando a polícia a agir para liberar a passagem.
Com os manifestantes resistindo ao pedido de dispersão pacífica, a polícia começou a usar gás lacrimogêneo e remover os militantes à força.
Os militantes de extrema-esquerda reagiram depredando patrimônio público, carros e estabelecimentos, deixando um rastro de destruição por onde passavam. Os danos foram significativos, com várias lojas sendo danificadas e saqueadas, bem como pontos de ônibus.
Eles ainda tentaram bloquear estradas ao colocar fogo em várias lixeiras no meio da rua.
Segundo o prefeito de Charente-Maritime, Brice Blondel, três policiais ficaram feridos durante o confronto, incluindo um “que foi queimado nas pernas por um coquetel molotov”. No total, cinco manifestantes foram presos.
Cerca de 3.500 pessoas estavam presentes no “protesto”, incluindo 700 indivíduos encapuzados (black block) segundo a polícia. Os organizadores da manifestação, o movimento ambientalista Les Uprisements de la Terre, alegam que mais de 6 mil pessoas estavam envolvidas.
“Na encruzilhada das importações de soja e exportações de grãos, fluxos de defensivos agrícolas e fertilizantes químicos, o porto é o último elo da cadeia do sistema de bacia”, disse o grupo de extrema-esquerda que organizou o protesto.
Megabacias
As chamadas “megabacias” são reservatórios de água a céu aberto, com fundo impermeável e tamanho de até 10 hectares. Elas não são alimentadas por águas pluviais, mas por bombas localizadas no solo e, mais precisamente, nos lençóis freáticos superficiais, ou seja, “a cerca de dez metros de profundidade”, segundo a prefeitura de Deux-Sèvres, onde cerca de 16 desses reservatórios serão construídos.
Alimentados no inverno, quando a água é mais abundante, eles são usados para irrigar as lavouras no verão, quando a chuva é escassa.
Segundo um estudo do Bureau of Geological and Mining Research (BRGM) publicado em 2022, as megabacias não causaram consequências negativas para os lençóis freáticos.