Após ser preso pela Polícia Nacional ainda na noite de ontem, 26, poucas horas após a tentativa de “golpe”, o agora ex-comandante-chefe do Exército, general Juan José Zúñiga, confessou que o “golpe” foi orquestrado a pedido do próprio presidente Luis Arce.
Segundo o general, Arce, que enfrentava uma grande crise de reputação e de acusações de perseguição a opositores, queria restaurar sua popularidade, reportou a Associated Press.
“No domingo (23), na escola La Salle, me encontrei com o presidente e ele me disse que a situação está muito complicada”, disse Zúñiga, informando que recebeu autorização de Luis Arce para levar os blindados às ruas e forjar um golpe.
Zúñiga foi preso na entrada da sede do Estado-Maior, em La Paz, enquanto dava entrevista à imprensa.
Na tarde de quarta-feira, unidades das Forças Armadas invadiram o palácio do governo em La Paz, liderados pelo general Zúñiga, e anunciaram a tomada de poder.
O presidente Luis Arce, no entanto, estava no palácio no momento da “invasão” e confrontou o general Zúñiga em frente às câmeras, pedindo que a democracia fosse respeitada e as tropas desmobilizadas.
Com o general mantendo a decisão, Arce fez um juramento horas depois, ainda no Palácio, poucos metros das unidades do exército, destituindo Zúñiga e nomeando outros três nomes para as Forças Armadas.
O novo comandante do Exército, José Wilson Sánchez Velásquez, instou logo em seguida o retorno das tropas para os quartéis.
Sem resistência, Zúñiga e suas tropas se retiraram da Praça Murillo e o “golpe” havia terminado.
Arce apareceu na varanda do palácio para discursar para seus apoiadores que chegaram no centro de La Paz.
O governo de Arce é marcado por um grande aparato de repressão contra opositores. Uma das principais vítimas foi a ex-presidente interina Jeanine Añez, que foi presa em 2021 e condenada a 10 anos de prisão por acusações de golpe de Estado após a queda de Evo Morales em 2019.
No final de 2022, o governador de Santa Cruz Luis Fernando Camacho, o maior opositor de Luis Arce e Evo Morales, foi sequestrado e preso pelas forças do governo também pelo mesmo motivo.