A “potência médica”, ou melhor, a “impotência médica” cubana sofre com a escassez de profissionais de saúde, razão pela qual as novas medidas do Ministério da Saúde (MINSAP) são a contratação de estudantes de medicina para trabalhar nos hospitais de Havana, segundo comunicado do ministério.
Além de ter parte do salário confiscado pelo regime, os profissionais de saúde em Cuba trabalham nas condições precárias dos hospitais. O país ainda sofre de uma grave crise de medicamentos básicos, como aspirina e dipirona. Atualmente, há mais de 170 medicamentos em falta, tanto em hospitais quanto nas farmácias, e muitos dependem da doação de familiares que estão no exterior ou de ONGs que realizam trabalho na ilha.
Segundo um relatório do Observatório Cubano de Direitos Humanos (OCDH) de setembro, devido à escassez generalizada, 15% da população precisa tomar medicamentos vencidos, um aumento de mais de dois pontos em relação ao levantamento anterior. Outros 32% que necessitavam de medicamentos não conseguiram obtê-los devido ao custo (12%) ou escassez (20%). Apenas 6% os compraram nas farmácias do sistema de saúde.
Todo esse cenário caótico fez com que muitos médicos se demitissem, criando mais uma crise de escassez na ilha, dessa vez de profissionais de saúde.
Por isso, o regime cubano começou a apelar para que estudantes de medicina, mesmo aqueles que ainda estão em fase de aprendizado no segundo ano, se inscrevam para fazer parte da equipe de profissionais de saúde nos hospitais da capital Havana.
De acordo com o comunicado do governo, serão contratados estudantes de medicina, bacharelado em enfermagem, técnico e básico de enfermagem e bioanálise clínica.
Para os estudantes de medicina, os requisitos são estar entre o segundo e quinto ano; para os estudantes de enfermagem, entre o segundo e o quarto ano; porém, destaca que alunos a partir do primeiro ano de medicina podem ser contratados se forem certificados pelo corpo docente.
Dessa forma, a impotência médica estaria contratando pessoal inexperiente e em fase de aprendizado, independentemente de ser um serviço tão importante quanto a saúde.
Isso pode significar que os cubanos estão colocando suas vidas nas mãos de pessoas que ainda não têm conhecimento na área médica para atuar.
Segundo dados oficiais, que já são conhecidos por serem manipulados, o número de hospitais em Cuba diminuiu 32% entre 2007 e 2018. Todas as clínicas rurais foram fechadas a partir de 2011, bem como todos os postos de saúde rurais e urbanos a partir de 2010.
O contingente médico de Cuba passou de um total de 312 mil funcionários em 2021 para 281 mil em 2022.
Enquanto tudo isso acontece, o regime cubano segue exportando médicos para o exterior. Mas, obviamente, esse esquema não é um serviço em prol da saúde, e sim do bolso do regime.
O Observatório Cubano de Auditoria Social (OCAC), em seu relatório “Cuba: O saque da Gaesa”, revelou que o Partido Comunista Cubano confiscou uma quantia aproximada de $69,8 bilhões em salários dos médicos cubanos em missões internacionais por meio do corrupto conglomerado empresarial das Forças Armadas Cubanas, a Gaesa.
Com graves acusações de trabalho escravo, o regime cubano alegou que os salários confiscados dos médicos seriam reinvestidos no sistema público nacional de saúde. No entanto, de acordo com o observatório, isso nunca ocorreu.