A Organização Mundial da Saúde classificou o talco como “provavelmente cancerígeno” para os seres humanos após um estudo publicado pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), uma agência intergovernamental que faz parte da própria OMS.

O estudo, divulgado nesta sexta-feira (5) no The Lancet Oncology, ainda incluiu a acrilonitrila, um composto orgânico usado principalmente em têxteis e plásticos, como “cancerígeno”.

O talco, um mineral extraído em várias regiões do mundo, tem sido associado a um aumento do risco de câncer de ovário em diversos estudos.

A exposição ao talco ocorre principalmente em ambientes de trabalho durante sua extração, moagem ou processamento, bem como na fabricação de produtos que o contenham.

Para a população geral, o uso de cosméticos e pós corporais contendo talco também representa uma fonte de exposição. Contudo, a possível contaminação do talco com amianto, produto altamente cancerígeno, não pode ser descartada em diversos estudos em humanos.

Por esse motivo, os especialistas não descartaram vieses ou manipulação em estudos anteriores para favorecer a indústria cosmética.

Em comunicado, a OMS informou que “Após uma revisão completa da literatura científica disponível, o grupo de trabalho de 29 especialistas internacionais classificou o talco como provavelmente carcinogênico para humanos como base em uma combinação de evidências limitadas para câncer em humanos, evidências suficientes de câncer em animais experimentais e fortes evidências mecanicistas de que o talco exibe características cancerígenas chave em células primárias humanas e sistemas experimentais”.

O talco foi colocado na classificação do Grupo 2A, que é o segundo maior nível de certeza de que uma substância pode causar câncer.

O relatório também menciona que, em junho, a farmacêutica norte-americana Johnson chegou a um acordo com os tribunais de 42 estados dos Estados Unidos em um caso relacionado ao talco, acusado de causar câncer.

Quanto à acrilonitrila, a IARC classificou-a como “cancerígena” para humanos dentro do Grupo 1 com base em “evidências suficientes de câncer de pulmão” e “evidências limitadas” de câncer de bexiga em humanos.

Este composto orgânico volátil é usado principalmente na produção de polímeros usados em fibras para roupas, tapetes, plásticos para produtos de consumo e peças automotivas. Além disso, a acrilonitrila está presente na fumaça do cigarro e a poluição do ar é outra fonte de exposição.