Polônia reconhece o genocídio contra os tártaros perpetrado pela União Soviética

Há diversos estudos estimando o número de mortos totais e não há um consenso. No entanto, acredita-se que o número fique entre 34 mil e 109 mil mortes.

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A Sejm, a câmara baixa do parlamento polonês, aprovou uma resolução nesta sexta-feira, 12, que reconheceu a limpeza étnica soviética contra os tártaros na Crimeia em 1944 como um genocídio.

“A deportação dos tártaros da Crimeia em 1944 e suas consequências foram um ato de genocídio contra a nação tártara da Crimeia”, diz a resolução.

A resolução foi aprovada por 414 deputados que votaram a favor, enquanto 16 votaram contra e dois se abstiveram, de acordo com a Sejm.

A resolução também mencionou a anexação ilegal russa da Crimeia em 2014, após a qual “a Rússia começou a perseguir os tártaros da Crimeia que viviam na península sistematicamente”.

Os tártaros, que são um povo indígena da península ucraniana da Crimeia, foram deportados em massa em 1944 pelo regime soviético por ordens do ditador Joseph Stalin, que apresentou oficialmente uma suposta colaboração com os nazistas para a aplicação da punição coletiva.

No entanto, o verdadeiro plano soviético era obter acesso ao Estreito de Dardanelos e invadir a Turquia, onde viviam parentes étnicos turcos dos tártaros.

Entre 18 e 20 de maio daquele ano, mais de 205 mil tártaros foram deportados à força, incluindo mulheres, crianças e idosos, para serem exilados na Ásia Central, especialmente no Uzbequistão.

Diante das condições precárias de transporte, cerca de 8 mil tártaros, a maioria crianças e idosos, morreram durante o trajeto por fome ou tifo.

Naquele mesmo ano, mais de 10 mil tártaros morreram de fome em gulags no Uzbequistão, outros 45 mil morreram no exílio.

Há diversos estudos estimando o número de mortos totais e não há um consenso. No entanto, acredita-se que o número fique entre 34 mil e 109 mil mortes.

Aqueles que sobreviveram foram obrigados a trabalhar forçados em projetos de grande escala do governo soviético, os famosos campos de concentração comunistas, os Gulags.

Atualmente, a Criméia é uma república autônoma pertencente à Ucrânia, mas que foi anexada pela Rússia à força em 2014, em um ato onde o povo tártaro foi novamente vitimado pelos russos e precisaram fugir.

Gabriel Ferrigno
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Gabriel Ferrigno

Jornalista independente e OSINT que já cobriu diversas guerras em tempo real, como a Guerra da Ucrânia, em 2022, e a guerra entre Israel e o Hamas, em 2023, bem como vários outros acontecimentos pelo mundo, como o lockdown na China durante a pandemia.

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