Relatório de inteligência confirma que o Irã organizou os atentados terroristas contra judeus na Argentina

Um novo relatório, chamado “Relatório TOMA”, uma homenagem ao ex-chefe da Secretaria de Inteligência da Presidência da Argentina (SIDE) Miguel Ángel Toma, foi divulgado pelo […]

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Nesta foto de 17 de março de 1992, bombeiros e equipes de resgate caminham pelos escombros da Embaixada de Israel após um ataque terrorista em Buenos Aires, Argentina. (Arquivo AP/DonRypka-File)

Um novo relatório, chamado “Relatório TOMA”, uma homenagem ao ex-chefe da Secretaria de Inteligência da Presidência da Argentina (SIDE) Miguel Ángel Toma, foi divulgado pelo juiz federal Ariel Lijo nesta semana, dias antes da Corte Interamericana de Direitos Humanos condenar a Argentina por “falta de prevenção e investigação do atentado” contra a Associação Mutua Israelita Argentina (AMIA) em 1994.

O relatório confirma uma conexão internacional há muito suspeita entre o Irã e o grupo terrorista Hezbollah, financiado pelo Irã, no atentado terrorista contra a AMIA.

Em uma entrevista, o juiz Toma explicou que, na verdade, a Justiça desclassificou a conexão central, que é uma espécie de resumo de aproximadamente 200 páginas que concentra as informações mais relevantes de um conjunto maior de cerca de 10 mil páginas. 

Essas investigações também coletaram material probatório crucial para decisões judiciais.

“Nesse trabalho, uma visão completa das empresas de cobertura do Irã, a metodologia de operação das mesquitas e toda a rede de inteligência iraniana que planejou como e quando realizar o ataque foi detalhada e oferecida à Justiça”, explicou o ex-funcionário.

O relatório “foi a base sobre a qual Alberto Nisman, quando foi nomeado responsável pela UFI AMIA, começou seu trabalho”, e parte das informações descobertas, “foi fundamentalmente para que a Corte de Cassação declarasse o Irã um Estado terrorista 20 anos depois”, acrescentou Toma.

Segundo o juiz, foi possível identificar a “estrutura responsável” pela morte dos 85 argentinos, além dos feridos na Embaixada israelense, pois “foi a mesma rede que perpetuou os dois ataques”.

Toma, que foi secretário de Inteligência, entregou esse relatório ao juiz Juan José Galeano, então responsável pelo caso, em 2003, apontando diretamente para os iranianos Moshen Rabbani e Moshen Rezai. Este último foi recebido com honras na Nicarágua há dois anos, durante a posse do ditador Daniel Ortega, evento que também contou com a presença do embaixador argentino sob a gestão Alberto Fernandez.

Os resultados do relatório Toma estão de acordo com os resultados de uma investigação conduzida pelo Mossad, a agência de inteligência de Israel, que foi divulgada publicamente em julho de 2022, marcando o 28º aniversário do ataque terrorista.

De acordo com a Mossad, apesar de o regime iraniano não ter participado in loco do ataque, treinou e financiou os terroristas do Hezbollah, que conseguiram esconder os explosivos em embalagens de chocolate e shampoo em voos da Europa para a Argentina.

O documento, contudo, aponta que houve graves falhas de inteligência da Argentina que permitiram que o mesmo grupo atacasse mais de uma vez e escapasse da justiça.

“Embora o Mossad enfatize que a inteligência israelense ainda acredita que o Irã, um apoiador do Hezbollah, aprovou e financiou os ataques e forneceu treinamento e equipamento, as descobertas contrariam afirmações de longa data de Israel, Argentina e Estados Unidos de que Teerã tinha um papel operacional no terreno”, disse a reportagem do Times.

Em abril, a Câmara Federal de Cassação da Argentina confirmou que o Irã atuou nos dois atentados em Buenos Aires em 1992, contra a embaixada israelense, e em 1994, na sede da Amia.

Por este motivo, o Irã foi declarado como um Estado terrorista e o ataque à Amia como um “crime contra a humanidade”.

A Justiça determinou que o Irã está sujeito a processos movidos pelos familiares das vítimas e, nessas situações, terá de “reparar integralmente o dano causado (moral e material), mediante uma indenização financeira”.

O presidente Javier Milei disse que a decisão de declarar o Irã como um Estado terrorista “põe fim a décadas de postergação e acobertamento, determinando que os ataques contra a Embaixada de Israel e a Amia foram perpetrados pelo Hezbollah, sob os auspícios de organizações estatais da República Islâmica do Irã”.

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